Aqui no Brasil, e em
muitos outros países, existe o costume de se utilizar fogos de artifício em
diversas ocasiões.
Um momento bastante
aguardado ao longo do ano pelos brasileiros é a queima de fogos na passagem do
ano no Rio de Janeiro/RJ. A cada ano, a cidade investe mais nessa tradição,
aumentando a duração do espetáculo. Muitos turistas se aglomeram na orla do mar
para assistir ao céu iluminado pelos diferentes desenhos que os fogos formam. Muitas
pessoas que estão comemorando a passagem do ano em casa, em qualquer cidade
brasileira, ligam a televisão para acompanhar o espetáculo.
Muitas outras cidades
brasileiras também fazem essa queima de fogos que formam desenhos no céu em
pontos turísticos na passagem do ano e muitas famílias também o fazem na rua de
suas casas.
Também é possível
presenciar essa prática na abertura ou encerramento de eventos de diversas
naturezas, como feiras, casamentos, aniversários, festas religiosas, dentre
outros.
Todavia, a razão mais
frequente pela qual vejo/escuto pessoas soltando fogos de artifício são as
partidas de futebol.
Quando o time pelo
qual o indivíduo torce marca um gol, o indivíduo solta fogos de artifício para
celebrar o feito. Todavia, ele não solta os fogos que formam desenhos no céu;
ele apenas solta aqueles que fazem barulho.
Os fogos que formam
desenhos no céu causam um efeito bonito por alguns segundos. Já os outros fazem
barulho.
O ser humano, quando
está tomando pela emoção, ou seja, quando a maior parte das ações que ele está
tomando estão sendo baseadas na emoção, ao invés da razão, começa a agir de
forma primitiva. Aquele que age de forma mais sistematizada é aquele que age
com a razão. Essa é a única explicação que consigo encontrar para o gasto que
tanta gente faz com fogos de artifício em dia de jogo de futebol na mera
intenção de fazer barulho!
A função dos fogos é
fazer barulho para mostrar que o indivíduo está satisfeito com o gol marcado
pelo seu time. Oras! Será que não dá para fazer barulho tocando o hino nacional,
o hino do time ou uma música típica do local onde ele se encontra
(desde que dentro dos limites estabelecidos por lei)?
(desde que dentro dos limites estabelecidos por lei)?
Pessoalmente, detesto
o ruído emitido pelos fogos de artifício. Sinto as veias da minha cabeça
pulsarem quando ouço o barulho. Parece que os fogos estão explodindo dentro das
veias que se encontram na minha cabeça.
Se eu, um ser humano
adulto, com a audição típica de um ser humano, me sinto incomodada, imagine os
cães!
Na época em que
defender os direitos dos animais nas redes sociais é algo mais intenso que a
própria luta pelos direitos humanos, muito me impressiona que ninguém aborda a
questão da tortura pela qual passam os cães quando há queima de fogos de
artifício, devido a sua audição muito mais aguçada em relação à audição humana.
Qualquer um já deve
ter visto um cão latindo, correndo fora de si ou agindo de forma atípica durante
uma queima de fogos. Os cães, ao ouvirem aquele barulho ensurdecedor (para
eles), só conseguem pensar em fugir do mesmo. Por essa razão, os cães podem acabar
se enforcando na própria coleira, morrendo afogados na piscina, presos no
portão, com os ossos quebrados ao cair da sacada do prédio... um cão em
desespero pode sim morrer dessas formas.
Além
da questão do sofrimento pelo qual passam os cães, outro motivo pelo qual eu
não gosto de fogos de artifício é o risco ao qual a pessoa que o solta e os que
estão ao redor correm. Os fogos são um tipo de explosivo e quem o solta ou quem
está por perto, se não seguir o procedimento correto, pode se machucar.
Conheci
um homem que perdeu quase 100% da audição de um dos ouvidos porque uma faísca
de fogos de artifício caiu de dentro de sua orelha enquanto ele assistia à
queima de fogos na praia no réveillon.
Por
fim, o que seu sempre me pergunto: será que em pleno século XXI, quando várias
coisas que o dinheiro pode comprar já estão disponíveis para tal, não existe
nada mais interessante com alguém pode gastar dinheiro do que comprando fogos
de artifício?
Quer
celebrar algo, dê uma bala ou um bombom para cada pessoa que está com você no momento
do gol. Sem dúvida, aquela bala vai significar algo não só para você que deu
aquilo por estar feliz naquele momento, mas também para a pessoa que recebeu a
bala.
Finalmente,
não concordo com os gastos públicos com fogos de artifício no réveillon. Embora
o espetáculo seja bonito, ele só é válido na medida em que a aglomeração de
turistas ao redor dele gera mais dinheiro do que o que foi gasto com o mesmo. Há
muitas obras públicas e projetos que poderiam ser beneficiadas pelo dinheiro empregado nesse gasto supérfluo.
Luciana Estarepravo da Silva
Especialista em Docência da Língua Inglesa e formada em Letras (Português/Inglês)