sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Será que a vida é mesmo melhor na era da tecnologia?

Nos últimos anos, cada vez mais rapidamente surgem avanços tecnológicos que impactam de forma definitiva a vida humana.
Por exemplo, conheço pessoas que nasceram na década de 1980, ou seja, há pouco tempo em termos históricos (mas há muito tempo em termos de tecnologia da informação/comunicação), que quando fizeram intercâmbio precisavam esperar suas cartas chegarem aos familiares para poderem se comunicar. Já havia telefone, mas o custo de uma ligação internacional era (e ainda é) alto.
 Em 1995, a internet deixou de ser algo restrito ao meio acadêmico no Brasil e algumas pessoas já podiam se comunicar a longa distância por e-mail, mas precisavam de computador. Em 2004, o Facebook revolucionou a forma como as pessoas se comunicam, mas seu sucesso se deve não só a rede em si, mas ao surgimento do tablet em 2010 e do smartphone com sistema operacional Android em 2008, o que fez com que as pessoas pudessem se comunicar 24h em qualquer lugar com sinal de internet carregando apenas um pequeno dispositivo eletrônico. Finalmente, em 2009, surgiu o WhatsApp, que permite a quem está num intercâmbio, por exemplo, fazer uma chamada de voz para alguém em outro país praticamente de graça, se houver internet no local.
Sem dúvida, toda essa tecnologia tem facilitado a vida imensamente, mas juntamente com a facilidade da comunicação entre as pessoas vem a crescente cobrança sobre o ser humano para que domine cada vez mais novas ferramentas.
Hoje em dia, se você não tem, por exemplo, WhatsApp, você pode ser discriminado por quem está a sua volta. Infelizmente, já convivi com pessoas que se achavam no direito de ser grossas comigo pelo simples fato de eu não verificar meu WhatsApp na mesma frequência que elas. O WhatsApp é apenas um exemplo de ferramenta que o ser humano precisa não apenas saber usar, mas usar efetivamente, para ser “aceito” no meio social, ou ainda, para não ficar de fora das práticas sociais.
Outro exemplo de cobrança é o fato de que você também é visto como “o alienado” se não conhece determinado canal no Youtube, ou se não está sabendo do último meme em circulação, ou se ainda não aprendeu a usar os recursos de edição de fotos do Instagram ou de qualquer outro aplicativo de fotos (tenho que aproveitar para deixar registrado aqui que acho PATÉTICO o uso do recurso de colocar orelhas e focinho de cão nas fotos).
Dessa forma, fica claro que o ser humano hoje precisa dar conta de ter saúde física, emocional, cumprir suas tarefas no trabalho de forma satisfatório, estudar, ter momentos de lazer com a família, tudo como em 1980, mas, além de tudo isso (que já é difícil de conciliar), ainda precisa dar conta de conhecer, saber usar e efetivamente usar TODAS as ferramentas tecnológicas que surgem.
Na minha opinião, com a velocidade do surgimento de novas ferramentas e aplicativos ou de atualizações dos mesmos, está se tornando impossível dominar e usar todos eles. A solução é que cada um aprenda a usar e use de fato aquilo que vai facilitar sua vida no meio em que vive, seja familiar, seja acadêmico ou profissional. Mas, como explicar isso para os alienados que vivem no mundo online e esperam que todos ao seu redor façam o mesmo?

Luciana Estarepravo da Silva
Professora, formada em Letras (Português/Inglês) e
especialista em Docência da Língua Inglesa