Formar uma opinião acerca de algo é uma prática natural do cotidiano,
contudo, o processo para se chegar a uma opinião não é algo tão simples.
Para não acabar formando uma ideia equivocada sobre algo a reflexão
é uma etapa imprescindível no processo de construção da opinião.
A palavra reflexão remete a um processo interno, o qual o
indivíduo desenvolve sozinho. Sendo assim, é por meio da reflexão que uma
pessoa traz um tema para seu interior e o analisa, com base em seu conhecimento
de mundo, e, dessa análise, extrai sua opinião acerca do tema em questão.
Todavia, os conhecimentos de mundo, ou seja, os
conhecimentos prévios, que o indivíduo possui acerca de determinado assunto
podem não ser suficientes ou podem ser ultrapassados, o que pode levar a uma
opinião falha acerca de algo.
Ora, opinião é, por si só, opinião; logo, não há opinião
certa ou errada, há apenas opiniões diferentes. Entretanto, é claro que opiniões que não são
embasadas em argumentos convincentes se tornam irrelevantes e podem causar um
caos social. É por causa de opiniões sem embasamento válido que certos maus,
como a discriminação, ainda atingem a sociedade.
Mas o processo de formação da opinião não depende apenas do
conhecimento prévio e da reflexão. Ele também depende da linguagem.
Vygotsky, nome importantíssimo no campo da educação por suas
considerações sobre o sociointeracionismo, afirma que o pensamento só pode ser
estruturado por meio da linguagem.
Dessa forma, a primeira ferramenta necessária em todo esse
processo de formação de opinião é a linguagem, por meio da qual se tem acesso
ao conhecimento prévio, o qual, por sua vez, vai permitir ao sujeito formar sua
opinião sobre algo.
Ao formar essa opinião, se o indivíduo deseja expressá-la,
também necessitará da linguagem para tal.
É nesse ponto que existe uma semelhança entre os resultados
provenientes do grau de conhecimento prévio e do grau de conhecimentos
linguísticos.
A qualidade ou credibilidade de uma opinião é proporcional
ao nível de conhecimento prévio que o indivíduo possuía sobre o assunto antes
de formar uma opinião sobre ele. Alguém, por exemplo, pode dizer que o produto
da marca X é melhor que o da marca Y sem possuir muitas informações sobre a
matéria-prima envolvida na fabricação de ambos. Simplesmente dizer que a marca
X é melhor do que a Y pode dar certa credibilidade à opinião, mas dizer que a
marca X é melhor do que a Y porque X utiliza os elementos A, B e C em sua
composição irá conferir mais credibilidade à opinião. Dessa forma, é possível
afirmar que quanto mais informação envolvida na opinião, maior credibilidade
ela terá.
Isso também se aplica à linguagem no que tange a expressar a
opinião. Se alguém expressa sua opinião sobre algo construindo as frases
adequadamente do ponto de vista gramatical e lexical, sem dúvida sua opinião
terá mais credibilidade que a opinião de alguém que não se esforçou em empregar
os recursos linguísticos segundo a sua forma e função.
É possível que opiniões expressas com deficiências
linguísticas sejam não apenas compreendidas, mas também levadas em
consideração; mas, para efeito de aproveitamento de opinião para alguma coisa,
como a tomada de decisão ou mesmo levantamento de informação com algum objetivo,
é a opinião bem estruturada que chamará mais a atenção.
Em suma, dessa reflexão pode-se extrair que se alguém decide
compartilhar sua opinião com outros, seja pelo meio (suporte) ou razão que for,
suas chances de obter credibilidade serão maiores se esse indivíduo o fizer de
forma bem estruturada.
Luciana Estarepravo da Silva
Especialista em Docência da Língua Inglesa e formada em
Letras (Português/Inglês)