sábado, 14 de junho de 2014

Por que eu não gosto de fogos de artifício



Aqui no Brasil, e em muitos outros países, existe o costume de se utilizar fogos de artifício em diversas ocasiões.
Um momento bastante aguardado ao longo do ano pelos brasileiros é a queima de fogos na passagem do ano no Rio de Janeiro/RJ. A cada ano, a cidade investe mais nessa tradição, aumentando a duração do espetáculo. Muitos turistas se aglomeram na orla do mar para assistir ao céu iluminado pelos diferentes desenhos que os fogos formam. Muitas pessoas que estão comemorando a passagem do ano em casa, em qualquer cidade brasileira, ligam a televisão para acompanhar o espetáculo.
Muitas outras cidades brasileiras também fazem essa queima de fogos que formam desenhos no céu em pontos turísticos na passagem do ano e muitas famílias também o fazem na rua de suas casas.
Também é possível presenciar essa prática na abertura ou encerramento de eventos de diversas naturezas, como feiras, casamentos, aniversários, festas religiosas, dentre outros.
Todavia, a razão mais frequente pela qual vejo/escuto pessoas soltando fogos de artifício são as partidas de futebol.
Quando o time pelo qual o indivíduo torce marca um gol, o indivíduo solta fogos de artifício para celebrar o feito. Todavia, ele não solta os fogos que formam desenhos no céu; ele apenas solta aqueles que fazem barulho.
Os fogos que formam desenhos no céu causam um efeito bonito por alguns segundos. Já os outros fazem barulho.
O ser humano, quando está tomando pela emoção, ou seja, quando a maior parte das ações que ele está tomando estão sendo baseadas na emoção, ao invés da razão, começa a agir de forma primitiva. Aquele que age de forma mais sistematizada é aquele que age com a razão. Essa é a única explicação que consigo encontrar para o gasto que tanta gente faz com fogos de artifício em dia de jogo de futebol na mera intenção de fazer barulho!
A função dos fogos é fazer barulho para mostrar que o indivíduo está satisfeito com o gol marcado pelo seu time. Oras! Será que não dá para fazer barulho tocando o hino nacional, o hino do time ou uma música típica do local onde ele se encontra
(desde que dentro dos limites estabelecidos por lei)?
Pessoalmente, detesto o ruído emitido pelos fogos de artifício. Sinto as veias da minha cabeça pulsarem quando ouço o barulho. Parece que os fogos estão explodindo dentro das veias que se encontram na minha cabeça.
Se eu, um ser humano adulto, com a audição típica de um ser humano, me sinto incomodada, imagine os cães!
Na época em que defender os direitos dos animais nas redes sociais é algo mais intenso que a própria luta pelos direitos humanos, muito me impressiona que ninguém aborda a questão da tortura pela qual passam os cães quando há queima de fogos de artifício, devido a sua audição muito mais aguçada em relação à audição humana.
Qualquer um já deve ter visto um cão latindo, correndo fora de si ou agindo de forma atípica durante uma queima de fogos. Os cães, ao ouvirem aquele barulho ensurdecedor (para eles), só conseguem pensar em fugir do mesmo. Por essa razão, os cães podem acabar se enforcando na própria coleira, morrendo afogados na piscina, presos no portão, com os ossos quebrados ao cair da sacada do prédio... um cão em desespero pode sim morrer dessas formas.
            Além da questão do sofrimento pelo qual passam os cães, outro motivo pelo qual eu não gosto de fogos de artifício é o risco ao qual a pessoa que o solta e os que estão ao redor correm. Os fogos são um tipo de explosivo e quem o solta ou quem está por perto, se não seguir o procedimento correto, pode se machucar.
            Conheci um homem que perdeu quase 100% da audição de um dos ouvidos porque uma faísca de fogos de artifício caiu de dentro de sua orelha enquanto ele assistia à queima de fogos na praia no réveillon.
            Por fim, o que seu sempre me pergunto: será que em pleno século XXI, quando várias coisas que o dinheiro pode comprar já estão disponíveis para tal, não existe nada mais interessante com alguém pode gastar dinheiro do que comprando fogos de artifício?
            Quer celebrar algo, dê uma bala ou um bombom para cada pessoa que está com você no momento do gol. Sem dúvida, aquela bala vai significar algo não só para você que deu aquilo por estar feliz naquele momento, mas também para a pessoa que recebeu a bala.
            Finalmente, não concordo com os gastos públicos com fogos de artifício no réveillon. Embora o espetáculo seja bonito, ele só é válido na medida em que a aglomeração de turistas ao redor dele gera mais dinheiro do que o que foi gasto com o mesmo. Há muitas obras públicas e projetos que poderiam ser beneficiadas pelo dinheiro empregado nesse gasto supérfluo. 

Luciana Estarepravo da Silva
Especialista em Docência da Língua Inglesa e formada em Letras (Português/Inglês)