Ninguém sabe qual será a impressão que
os turistas estrangeiros que virão ao Brasil para assistir aos jogos da Copa do
Mundo de 2014 levarão para seus países de origem e tampouco se sabe qual será a
impressão que os próprios brasileiros terão do país.
No
entanto, o pensamento que permeia a nação antes dos jogos é fato e dele já se
pode falar.
Já
em 2003, era de conhecimento público que o Brasil havia se candidatado para
sediar o campeonato. Naquela época, a nação encarava a tentativa brasileira
como um fato ousado: “Nossa! Imagine só o Brasil sediando uma Copa!”, afinal,
tal feito requer bastante infraestrutura.
Outros
já viam no Brasil uma tentativa de se igualar às grandes potências mundiais,
que possuem estrutura de primeiro mundo e, por isso, são mais capazes de sediar
grandes eventos.
Outros
ainda diziam “Se a África pode, nós também podemos”, pensamento esse reflexo
daquele estereótipo de que toda a África passar fome e sede.
Em
2007, quando foi anunciado que o Brasil sediaria a Copa, o povo brasileiro
passou a “se sentir”, como se diz atualmente no português brasileiro popular. O
povo passou, num primeiro momento, a se igualar as nações do primeiro mundo,
passou a se sentir capaz de tratar os estrangeiros com aquele mesmo ar que é
tratado quando está no exterior.
Num
segundo momento, os brasileiros começaram a enxergar os ganhos que sediar um
mundial poderia trazer à economia do país, e consequentemente, à economia
individual
Todavia,
todo esse vislumbre da possibilidade de crescimento não foi um impulso
suficiente para que a iniciativa privada e o poder público começassem a se
mexer em busca do sucesso.
Somente
em 2012, se passou a ouvir falar em iniciativas em função da Copa.
O atraso nas obras de infraestrutura
começou a ganhar destaque.
As prefeituras começaram a se preocupar em
melhorar alguns aspectos nas cidades no intuito de chamar a atenção das
seleções, já que elas tinham que escolher a cidade em que irão se hospedar.
Escolas
de idiomas ou setores públicos responsáveis pela promoção social e educação
começaram a promover cursos rápidos de idiomas voltados para os profissionais
da área do turismo, o que, até o momento, não parece ter feito muito sucesso.
Em
2013, com a pressão da FIFA para que as obras sejam concluídas a tempo do
mundial e quantidade de dinheiro sendo investida, a população praticamente
parou e destruiu o país durante ondas de protestos que, no primeiro plano,
contestavam o aumento nas passagens de ônibus. Muitos acreditavam que aquele
momento pelo qual passava o país (prédios públicos tomados, importantes
rodovias federais e estaduais bloqueadas, adesão de classes trabalhadoras de
destaque) seria o começo de um novo Brasil.
2014
começou e até agora a população não obteve ganhos diretos com o mundial.
Os locais cuja infraestrutura
foi ou está sendo melhorada para a Copa não são aqueles que a população
frequenta, ou seja, as escolas, hospitais, delegacias... esses serviços
essenciais continuam do mesmo jeito.
Os
pacotes turísticos para destinos dentro do país estão bem acima do preço que se
praticava antes. Logo, mesmo que algum brasileiro queira aproveitar a Copa para
viajar dentro de seu país, esse ano não está parecendo um bom momento.
O
estado de São Paulo sofre com uma forte seca e já está criando atrito com outros
estados para conseguir água de outros sistemas de abastecimento.
As
pessoas mais espertas já estão vislumbrando a falta d’água durante a Copa no
estado, visto que a densidade demográfica aumentará e, consequentemente, o
consumo também.
As
escolas estão preocupadas com o calendário, porque em geral não há aulas
durante os jogos da seleção brasileira, o que atrasa os conteúdos.
Os alunos de
universidades públicas estão começando a se arrepender de ter lutado tanto para
passar no vestibular dessas universidades, pois já estão sofrendo com um
calendário que tenta compensar a falta de aulas em 2013 devido à greve dos
professores e agora se vê num futuro incerto em relação à Copa.
Empresários já veem a
diminuição no faturamento nos dias de jogos, do Brasil principalmente, visto
que o povo não vai sair de casa para comprar certos bens nesses dias. Além
disso, nas cidades-sede onde já foi decretado feriado no dia de certos jogos,
os empresários estão entre a cruz e a espada: ou pagam para o funcionário ficar
em casa ou pagam o adicional de feriado para ele trabalhar no dia do jogo.
Os
funcionários de empresas que já decidiram que irão funcionar, aconteça o que
acontecer, já estão com medo de sair na rua ou utilizar o transporte público
para se locomover, tendo em vista a possibilidade de um retorno das manifestações
de 2013. Até o local de trabalho causa receio, dada a vulnerabilidade tanto de
órgãos públicos quanto empresas e comércios à depredação.
Por
fim, no geral, três opiniões distintas pairam sobre o país:
- Uns não dão a mínima para a Copa, sem olhar o passado, o presente ou o futuro;
- Outros torcem para
a)
a seleção brasileira perder;
b)
os aeroportos, trens e ônibus entrarem em colapso;
c)
o atendimento aos turistas ser péssimo;
d)
o caos das manifestações de 2013 se instaurar novamente;
e)
todas as alternativas anteriores e o que mais existir dar errado.
Essas pessoas acreditam que isso tudo levará o
governo a alguma medida que realmente beneficie a população.
- Uma última parcela da população torce para que tudo dê certo e a seleção brasileira ganhe, para que todo o dinheiro investido e o trabalho realizado não tenham sido em vão e para que a nação brasileira ao menos não seja vista com olhos piores que os que a viam antes da Copa.
E
você? Compartilha de alguma dessas correntes de opinião?
Se você tem interesse em saber o que os brasileiros pensavam enquanto a Copa 2014 estava acontecendo, leia o texto Retrato de uma Copa no Brasil, escrito em 03/07/2014, disponível em http://aestarepravoopina.blogspot.com.br/2014/07/retrado-de-uma-copa-no-brasil.html#links.
Se você tem interesse em saber o que os brasileiros pensavam enquanto a Copa 2014 estava acontecendo, leia o texto Retrato de uma Copa no Brasil, escrito em 03/07/2014, disponível em http://aestarepravoopina.blogspot.com.br/2014/07/retrado-de-uma-copa-no-brasil.html#links.
Luciana Estarepravo da Silva
Especialista em Docência da Língua Inglesa e formada em
Letras (Português/Inglês)
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