quinta-feira, 3 de julho de 2014

Retrado de uma Copa no Brasil



“Não vai ter Copa”. Isso é que muitas pessoas postavam nas redes sociais duas a três semanas antes da Copa do Mundo começar.

Contrariando essa corrente de pensamento, hoje, 03/07/2014, já podemos dizer que “Sim. Teve Copa” (se bem que num bom português, aquele que segue a norma culta, diríamos “Sim. Houve Copa.”).

As oitavas de final se encerraram há pouco. Amanhã se iniciam as quartas.

Uma semana antes da Copa do Mundo se iniciar, a cidade de São Paulo/SP teve problemas com greve dos funcionários do transporte público. Muito me impressionou a calma com que o governo lidou com tal situação às vésperas de mundial que tem dado muito que falar no que diz respeito à estrutura do Brasil para sediá-lo.

A Copa começou e o povo brasileiro percebeu que a Copa do Mundo não é tão do mundo assim. Ela é mais da FIFA do que do mundo, o que faz todo sentido, afinal, é a FIFA que a promove. Há quem, aparentemente, encare o evento como uma ação a nível global da ONU...

A decepção de muitos brasileiros foi a cerimônia de abertura. Esperavam uma apresentação padrão da abertura das Olimpíadas, mas mal sabiam que a única coisa que deveriam esperar era uma apresentação padrão FIFA (afinal, há um certo script a ser seguido na abertura da Copa do Mundo). O que muito se questionou foi a grandeza, ou melhor, a falta de grandeza, de uma abertura de mundial feita por um país que faz imensos desfiles de Carnaval, por vezes, com poucos recursos.

Paralelamente à abertura da Copa, os brasileiros tirando fotos com os estrangeiros pintados da cor de seus países virou notícia. Nada muito extraordinário na era do selfie.

Seguindo essa linha de bom relacionamento com os turistas estrangeiros, a população buscou acolher as seleções assim que elas chegavam ao Brasil.

Na fase de grupos, a população buscava ligar toda TV por perto para acompanhar pelo menos o placar dos jogos. Houve gente assistindo a, praticamente, todos os jogos.

Colocar bandeiras do Brasil no carro virou febre. Os camelôs equiparam suas bancas com artigos verdes e amarelos. Todo mundo passou a querer comprar uma camiseta da seleção brasileira.

Depois, começaram os comentários quanto às vaias para a presidente da República e para a FIFA ocorridas na abertura do mundial. O assunto virou até tema de pergunta de instituto de pesquisa, figurando lado a lado com as perguntas relacionadas às intenções de voto nas eleições que irão acontecer no país do futebol em outubro.

O povo brasileiro de repente virou patriota ao ver os torcedores que estavam presente no estádio no jogo de abertura da Copa continuarem a cantar o hino nacional mesmo após o término da execução da versão condensada.

Logo começaram os comentários na mídia sobre a falta de comida nos estádios...

E a vida das pessoas que não moram em cidades-sede ou que não moram em cidades que hospedaram seleções? Continuou a mesma coisa! A única coisa extraordinária foi a parada das empresas e escolas nos dias de jogo do Brasil. Só!

Oitavas de final... passou aquele sentimento de pertença à algo maior que si, de conexão com todos os membros da nação. Assistir a todos os jogos na TV deixou de ser tão importante. Completar a tabelinha da Copa então... Onde será que ela foi guardada?

O goleiro da seleção brasileiras, antes condenado, foi até visto como salvador por ter defendido os pênaltis nas oitavas. O resto do time, no entanto, parece não estar com a credibilidade tão alta.

Amanhã começam as quartas de final.  O que será que ainda está por vir nessa Copa? Qual será a próxima página da história da Copa do Mundo 2014 no Brasil?

Deixe seus palpites nos comentários.

Se você tem interesse em saber o que os brasileros estavam pensando antes da Copa 2014 se iniciar, leia o texto Retrato de um Brasil pré-Copa 2014,  escrito em  escrito 27/03/2014, disponível em http://aestarepravoopina.blogspot.com.br/2014/03/retrato-de-um-brasil-pre-copa-2014.html#links.



Luciana Estarepravo da Silva
Especialista em Docência da Língua Inglesa e formada em Letras (Português/Inglês)

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