domingo, 9 de março de 2014

Estou desempregado. E agora?



 
                   A maioria das pessoas deve imaginar como se sentem os desempregados, mas nada como sentir na pele a experiência.

            Diz a sabedoria popular que cabeça vazia é oficina do mal, o que pode ser entendido como mal em todos os sentidos, inclusive maus pensamentos.

             Dessa forma, é preciso que o recém-desempregado tenha equilíbrio para lidar com a situação, para não prejudicar sua família, sua vida profissional e, acima de tudo, seu bem-estar psicológico.

            Abaixo, seguem algumas dicas para quem está desempregado ou quer tentar ajudar um desempregado a passar por esse momento desagradável.



Acabei de ficar desempregado. Qual o primeiro passo?



Por mais difícil que seja, mantenha a calma e procure não tomar decisões precipitadas. É comum ouvir que não se deve tomar decisões com a cabeça quente. Embora pareça uma simples frase enraizada na cultura popular, ela exprime uma grande verdade. Se você deixar transcorrer certo tempo depois do ocorrido, você terá a clareza necessária para analisar a situação de maneira mais lógica, visto que estará menos tomado do impulso advindo da emoção e analisar algo de forma lógica sem dúvida fornece argumentos mais sólidos e confiáveis para uma tomada de decisão. De qualquer forma, com calma, é necessário seguir os procedimentos burocráticos relativos à demissão.

            O aviso prévio é um desses procedimentos. Se a empresa oferecer a opção de aviso prévio indenizado, ou seja, aquele em você não precisa continuar trabalhando na empresa sabendo que sairá em determinada data, prefira o indenizado. Além de você receber uma quantia em dinheiro, a qual é bem-vinda quando não se sabe quanto tempo irá levar para se recolocar no mercado de trabalho, deve ser muito desagradável continuar numa empresa sabendo que tudo que você fizer será em vão, já que não estará ali para ver os resultados. Além disso, deve ser muito difícil ter que encarar muita gente.

            Caso você tenha mais de um ano de trabalho na empresa, é necessário que a rescisão contratual seja feita sob fiscalização. Veja o que diz a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) a respeito disso:

Art. 477

§ 1º - O pedido de demissão ou recibo de quitação de rescisão, do contrato de trabalho, firmado por empregado com mais de 1 (um) ano de serviço, só será válido quando feito com a assistência do respectivo Sindicato ou perante a autoridade do Ministério do Trabalho e Previdência Social. (disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm)

Logo, verifique se seu empregador irá agendar uma data para que vocês compareçam na presença do Sindicado ou autoridade competente para a conferência da regularidade de todos os documentos referentes à demissão e, principalmente, para a conferência de todos os valores a que você, o demitido, tem direito. Esses valores são o salário referente aos últimos dias trabalhados, férias e rescisão contratual. Se a demissão tiver sido sem justa causa, você deve receber os documentos necessários para dar entrada no seguro desemprego (leia mais sobre esse seguro em http://www.caixa.gov.br/voce/social/beneficios/seguro_desemprego/index.asp). Se o disposto na CLT ou os pagamentos acima mencionados não acontecerem, fale com seu ex-chefe sobre o assunto. Se isso não resolver, procure o Ministério do Trabalho ou a Delegacia Regional do Trabalho e denuncie a empresa, afinal, já que você foi demitido, você não tem mais nada a perder nessa empresa.



Já assinei a papelada, recebi o que tinha direito em termos de valores e peguei meus pertences. Qual o segundo passo?



Ainda seguindo o princípio da calma, essa é a hora de analisar o motivo da demissão, pois isso vai te ajudar a decidir quais são os próximos passos. Alguns possíveis motivos:

Justa causa – você fez algo que não devia ou deixou de fazer algo que sabia que tinha que fazer. Se esse é o caso, procure refletir sobre o que te levou a fazer isso. Se você fez ou não fez algo porque isso ia contra o quer você julga bom ou eficiente do ponto de vista profissional, isso significa que você precisa procurar um novo emprego onde você não seja exposto à mesma situação novamente, afinal, você não gosta de desenvolver a atividade em questão.

Falência da empresa – se a empresa faliu procure refletir sobre o motivo dessa falência. Se ela faliu porque outra empresa do mesmo ramo na região tomou conta dos lucros na área, é bom que você procure emprego nessa empresa. Se a empresa faliu porque o tipo de serviço que ela oferecia não tem sido mais procurado, vale a pela refletir no motivo da baixa procura. Se a baixa procura se deve ao fato de que o serviço não é mais necessário na região devido a novos serviços ou ferramentas que se prestam ao fim a que sua empresa se prestava, significa que você deve procurar emprego em outra região, onde esse serviço que você fazia ainda é necessário ou que você deve buscar atualização profissional, para atender às novas demandas.

Corte no número de funcionários – se a empresa precisou reduzir o número de funcionários é porque ela deixou de oferecer um serviço naquela unidade no intuito de cortar gastos e manter a empresa ou porque não há tanta procura por aquele serviço. Você pode ter sido escolhido para sair porque seu serviço não é mais necessário, no mesmo sentindo que o citado no tópico anterior, ou porque você não era um dos funcionários mais eficientes ou ainda porque você estava na empresa há muito tempo e, consequentemente, seu salário era maior do que o de outros funcionários.  

Alguém quis puxar o seu tapete – pode ser que alguém não gostava de você por qualquer motivo que seja e deu um jeito de convencer seu chefe a se livrar de você. É muito desagradável se sentir prejudicado por causa de outra pessoa, no entanto, tenha certeza de que se você era um bom profissional e foi demitido injustamente por causa de um invejoso, esse invejoso vai tentar prejudicar outras pessoas e, um dia, que pode ser logo ou demorar um pouco, a máscara dessa pessoa vai cair. Sinta-se tranquilo pelo simples fato de que você não precisa prejudicar outra pessoa injustamente para conseguir dinheiro. Ser bom sempre vale a pena.

Seu salário era muito alto – se você trabalhava há muitos anos na empresa, seu salário era maior do que o de outros funcionários. A sua qualificação profissional também podem ter sido o motivo de seu salário alto. Há empresas que preferem se livrar dos funcionários mais antigos ou mais qualificados porque eles lhes custam mais. Quando a empresa está passando por um momento difícil, até dá para entender; do contrário, percebe-se que a empresa está mais preocupada com o lucro imediato do que com o oferecimento de um serviço ou produto de qualidade, o que, a médio e longo prazo, vai consolidar mais ainda a marca da empresa como algo de qualidade e fazer a empresa prosperar. Empresas que querem economizar no pagamento aos funcionários estão fadadas à estagnação ou falência. Sinta-se tranquilo por ter sido demitido, pois numa empresa como essa mais cedo ou mais tarde você perderia o seu emprego porque a empresa não conseguiria se manter no mercado ou você passaria o resto da vida ganhando aquele salariozinho que só recebe a correção advinda do dissídio coletivo anual.

Você era desqualificado profissionalmente – nesse caso, a única coisa a fazer é procurar uma empresa a qual sua formação possa atender ou se qualificar.

Há outros motivos para uma pessoa ser demitida, mas informações acima já podem dar uma luz aos desempregados.



É um bom momento para começar meu próprio negócio?



É claro que não. Iniciar um negócio requer capital. No início, o empreendedor apenas investe e não tem muito lucro, visto que o que é ganho com o negócio é reinvestido no mesmo para ajuda-lo a crescer. Dessa forma, o empreendedor precisa ter bastante dinheiro para se manter e manter o seu negócio em crescimento.

Além disso, para iniciar um negócio de sucesso, é necessário estudo de mercado, consultoria, previsão de gastos futuros advindos do crescimento da empresa, como contratação de novos funcionários e expansão. Tudo isso custa dinheiro, coisa que, após a demissão, é bom não gastar.

Se você já tinha pensado em ter o próprio negócio antes da demissão, arranje um novo emprego, junte dinheiro e pesquise as melhores maneiras de iniciar seu negócio enquanto ainda está empregado. Quando você tiver toda informação e dinheiro que precisa, peça demissão e dê início ao projeto. Não pense que o caminho é abrir o negócio primeiro para depois se aperfeiçoar em serviço.



Quanto tempo é aceitável ficar desempregado?



Isso depende de muitos fatores: sua qualificação profissional, o perfil econômico da região onde você está procurando emprego, sua idade e sua situação familiar.

Se você ainda é jovem, mora com os pais e não tem família própria para sustentar, vale a pena usar o período do seguro desemprego para procurar um trabalho exatamente do jeito que você quer e continuar estudando. Se o período do seguro desemprego passar e você não conseguir emprego na sua área, procure em outra área, mesmo que pague menos, para que você tenha condições de terminar de pagar os estudos e não sobrecarregue seus pais.

Se você não teve direito ao seguro desemprego e mora com outra pessoa que pode te ajudar nas despesas, é aceitável passar um tempo tentando achar um emprego na sua área. No entanto, não é de bom tom deixar todas suas despesas para a outra pessoa pagar, porque isso pode complicar sua situação familiar, logo, não passe mais de cinco meses desempregado.

Se você é casado e tem filhos e seu companheiro trabalha, também é possível passar o tempo do seguro desemprego procurando um emprego na sua área. Se no início do quinto mês do seguro desemprego você ainda não tiver encontrado emprego na sua área, procure em outra, mesmo que o salário seja menor. Ao se ver empregado, volte a procurar vagas na sua área. Passar mais de cinco meses desempregado nessa situação pode incomodar seu parceiro e prejudicar a relação.

Se você é casado e tem filhos e seu companheiro não trabalha, use o período do seguro desemprego para procurar emprego na sua área e considere a possibilidade de seu companheiro começar a trabalhar em qualquer área o mais rápido possível. Se você não teve direito ao seguro desemprego, é aceitável que você passe um mês procurando emprego na sua área. Se não conseguir, passe a procurar em outras áreas, mesmo que o salário seja menor. Ao conseguir um emprego, volte a procurar na sua área. Nessa situação, a prioridade é conseguir emprego o mais rápido possível, para se manter a si e seus filhos. Recusar empregos por não serem na sua área vai prejudicar sua relação familiar e, sem dúvida, seus conhecidos e parentes não vão te ver com bons olhos, embora não falem isso diretamente para você. Por mais humilhante que pareça procurar emprego numa área não tão bem paga ou que não requer grandes conhecimentos, o trabalho sempre é digno e dignifica o homem.

            Se você acha que trabalhar numa área diferente da sua e com salário menor vai sujar sua carteira e currículo, saiba que você ficará mais mau visto pelo mercado se passar mais de seis meses com a carteira em branco ou com uma lacuna no seu currículo do que por trabalhar num emprego mais simples.
               Para redigir um bom currículo, leia o texto disponível em http://aestarepravoopina.blogspot.com.br/2014/07/aspectos-importantes-de-um-curriculo.html#links.

           
Luciana Estarepravo da Silva

Especialista em Docência da Língua Inglesa e formada em Letras (Português/Inglês)













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