quarta-feira, 9 de abril de 2014

Por que escrever?



“Qualquer texto literário de valor transpira uma atitude rebelde, insubmissa, provocadora e inconformista”.
Mario Vargas Llosa

A partir da citação de Mario Vargas Llosa é possível tecer uma profunda reflexão quanto ao ato de escrever.
Escrever, segundo ele, é um ato de rebeldia. Rebelde é aquele que se levanta contra algo ou alguém, é aquele que não se deixa dominar.
Ora, escrever é não deixar seus próprios pensamentos, sua própria opinião, se calar frente à sociedade. Escrever é tornar públicas aquelas ideias que você tem, não porque você é criativo, mas porque há algo ao seu redor que lhe incomoda.
Escrever também é um ato de insubmissão porque quem escreve é corajoso o suficiente para não absorver totalmente os discursos que o cercam.
Em nosso discurso, seja ele concretizado por textos orais ou escritos, ficam claros traços de outros discursos. Isso é inevitável, afinal, já dizia Lavoisier “Na natureza, nada se cria, nada se perde; tudo se transforma”. Dessa forma, aproveitamos os discursos de outrem ou porque concordamos ou discordamos deles ou ainda porque queremos acrescentar pontos antes não explorados.
No entanto, essa força que motiva alguém a concordar, discordar ou acrescentar algo às ideias de outrem é o que faz da escrita insubmissa: quem escreve não precisa se sujeitar ao discurso do outro tal qual como ele é.
A escrita é provocadora porque ela tem o poder de provocar muitas reações nos que têm contato com ela.
Hoje, com a facilidade de tornar a própria opinião pública por meio dos recursos tecnológicos disponíveis, é comum ver pessoas apoiando ou não essa ou aquela ideia, escrevendo sua opinião em um local onde pessoas que fazem parte de seus círculos possam conhecê-la. As pessoas se sentem provocadas pelo que leem a comentar sobre o assunto e a escrita, por sua vez, é atraente e motiva as pessoas a lhe usarem, como diria a personagem Coronel Jesuíno, em Gabriela, vivida por José Wilker, ator recém-falecido.
Por fim, a escrita é inconformista, pois sua subsistência num universo onde, retornando ao pensamento de Lavoisier, tudo já existe, apenas se transforma, prova que, pela sua própria natureza, a escrita é incompleta; ela está continua e eternamente em processo de construção. De tudo que já foi escrito na história da humanidade, nada foi dito de todas as formas possíveis.
Com base nessas características da escrita, dadas por Mario Varjas Llosa, percebe-se que a escrita é uma ótima ferramenta para que o indivíduo organize suas ideias. A fala oral se diferencia da fala escrita principalmente pela velocidade da comunicação. Num texto oral, dificilmente um indivíduo poderá retirar aquilo que disse, ao passo que na escrita, isso é perfeitamente possível. Assim, a escrita dá ao individuo mais chances de organizar seu pensamento antes de o fazer conhecido por outras pessoas.
Para concluir, já que a escrita é cíclica e, como todo ciclo, não tem fim, voltamos à citação de Llosa, porque por ser bem elaborada, a escrita é rebelde, insubmissa, provocadora e inconformista.

Luciana Estarepravo da Silva
Especialista em Docência da Língua Inglesa e formada em Letras (Português/Inglês)

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