sábado, 17 de maio de 2014

Em que você escolhe acreditar?



Nesta semana, eu estava dando aulas de inglês para turma de nível pré-avançado composta só por meninas. Estávamos discutindo se concordávamos ou não com algumas afirmações relacionadas a relações amorosas.

Foi então que uma aluna, ao expressar sua opinião sobre uma das afirmações, disse “I don’t know if it’s true, but I like to believe it”, o que quer dizer “Eu não sei se é verdade, mas gosto de acreditar nisso”.

Logo peguei minha agenda e anotei a frase, do jeito que ouvi, pois percebi que era uma ótima ideia para este texto.

Para que se possa viver, no sentido pleno da palavra, há muita coisa que não sabemos se é verdade, mas nas quais é preciso acreditar. Em outras palavras, é preciso ter esperança, fé, otimismo para que se possa tirar o máximo de proveito da vida.

Veja a religião, por exemplo. Para os membros de qualquer uma delas, é verdade inquestionável que seu Deus existe e algumas afirmam possuir evidência disso.

Não posso falar com propriedade de muitas religiões, mas da cristã católica posso. Os católicos afirmam que ninguém jamais viu a Deus, mas acreditam que Ele existe e têm suas evidências.

De qualquer forma, mesmo sem ter visto a Deus, os católicos acreditam que Ele existe porque é preciso acreditar nisso para que se possa viver melhor, afinal, quando se é católico, existem dez mandamentos a serem seguidos, extraídos da Bíblia, a qual é considerada a Palavra de Deus para os membros dessa religião. Esses mandamentos levam em conta o bom relacionamento com as pessoas que se encontram ao nosso redor, ideia expressa pelo termo “amor ao próximo” dentro da religião católica. Além disso, acreditar em Deus, com as atribuições que lhe são dadas pelos católicos, torna a vida mais compreensível, tanto do ponto de vista cósmico, existencial, biológico, como no que diz respeito ao curso da história, tanto pessoal como do universo, como um todo.

Outra coisa na qual é preciso acreditar para ser um cidadão melhor, no caso do Brasil, é que nem todos os políticos brasileiros são corruptos. Aliás, convenhamos, para alguém sair por aí afirmando que todos os políticos são corruptos, deve ter processos correndo em julgado envolvendo todos os políticos, o que não existe (pelo menos não até o momento).

É preciso acreditar que sim, há políticos que acordam todos os dias e vão para o trabalho ouvir o povo, propor projetos na Câmara Municipal, Estadual, Senado (de acordo com a esfera governamental em que atuam), como qualquer profissional que exerce atividade remunerada. Se os cidadãos não acreditarem nisso, fica difícil esperar que leis sejam criadas, modificadas e sugeridas.  Essas atividades legislativas acontecem, em muitas localidades do Brasil, todos os dias, contudo, o que muita gente escolhe acreditar é que político nenhum trabalha.

Corre também pelo Brasil, principalmente na região sudeste, a crença de que escola pública e universidade particular não prestam.

Ora, o mesmo doutor que dá aula na universidade pública também dá aula na universidade particular e o mesmo professor que possui licenciatura em qualquer matéria que seja e dá aulas na escola particular também dá aulas na escola pública. O que existe são diferentes tipos de recursos, enfoques pedagógicos e níveis de cobrança por parte dos alunos e pais de alunos.

Se um professor falta com frequência na escola pública, os pais, em geral, não se unem e vão à escola reclamar (estudei toda a educação básica em escola pública, por isso, posso falar do assunto com propriedade). Todavia, se o mesmo acontece na escola particular, a reclamação de um só pai de aluno já é o suficiente para dar um jeito na situação e, sem dúvida, mais de um pai reclama.

Se as pessoas olharem ao redor delas, elas verão que uma série de outras pessoas bem sucedidas (entenda-se por bem sucedida uma pessoa que tem um bom emprego, entende e exerce bem sua profissão, sabe ler e escrever bem) estudaram em escolas públicas e universidades particulares (eu estudei toda a educação básica em escola pública e cursei a graduação e pós-graduação em universidades particulares). Qual é o percentual da população brasileira que estudou em escola particular e universidade pública? Indubitavelmente, não deve ser a maior parte da população, logo, é possível afirmar que é essa gente toda que estudou nas escolas e universidades cridas como “ruins” que move o país.

Poderia citar muitos outros exemplos, mas creio que a ideia de que aquilo em que você escolhe acreditar influência a sua vida já ficou clara.

Vale ressaltar que a partir do momento em que você escolhe acreditar em algo, aquilo se torna uma verdade para você e nada é mais mensurável e possível que a verdade!

Encerro como uma frase que ouvi de Dom Eusébio Oscar Cardeal Scheid, scj, em uma missa em 2013 ou 2012: “A fé é escura, mas ela é convincente”.

Luciana Estarepravo da Silva
Especialista em Docência da Língua Inglesa e formada em Letras (Português/Inglês)




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